Eu entendo o medo que você sente. De não ser suficiente. De não ser “bonita o bastante”. De não ser “extrovertida o bastante”. De não ser aceita. De ser julgada porque fala alto demais, o cabelo vive bagunçado, não sabe “ser fina”, não sabe “fazer carão”, não consegue subir num salto sem tropeçar.
Eu entendo porque muitas vezes me senti assim também. E muitas vezes ainda me sinto. Eu e meu cabelo “difícil de controlar”. A boca tão grande que quando sorri até o molar aparece. A voz tão alta que dá pra escutar do outro quarteirão. Com horror a salto e sutiã de bojo. Aquela barriga que nunca me abandona e uma insatisfação persistente com meu corpo.
A verdade é que todas nós (TODAS mesmo!) temos algo que gostaríamos de mudar sobre a gente. E isso nos persegue pela vida a fora, impedindo a nossa felicidade completa, a sensação de preenchimento do ser, a sensação de domínio sobre o que somos e a liberdade para ser quem de fato somos.
Por que estou escrevendo sobre isso?
Veja bem, eu percorri um longo caminho de reflexão, que deve ter durado pelo menos uns 25 anos da minha vida, pra conseguir começar a me aceitar como sou.
Aprendi a amar o som barulhento da minha risada e o meu cabelo rebelde. Aprendi que posso (e devo!) tirar do caminho aquilo que não serve a minha felicidade plena. Aprendi que sou um trabalho ainda em processo, mas buscando me amar mais a cada dia que passa.
Cada “defeitinho”, cada vírgula que algum dia me disseram que não era “o bastante”, estou humildemente tentando abraçar.
E eu também desejo isso pra você.
Não me entenda mal, não estou aqui pra te falar que é fácil, que é num passe de mágica. Só quero te dizer que é possível se amar, sem se dilacerar pra caber no pensamento dos outros. É preciso que a gente abra espaço primeiro na gente mesma.
É preciso criar um berço pra que nossas dores descansem, onde seja possível perguntar “por que eu odeio isso em mim mesma?”. E ser honesta com a resposta. Ser justa e carinhosa com sua história, seus medos e suas inseguranças.
Ninguém pode te dizer o que fazer de si mesma. Você é a única capaz de se abraçar, juntar seus cacos perdidos pelo chão, olhar no espelho e dizer: “eu me aceito, eu me amo, eu me admiro por tudo que sou”.
Tenha certeza que daqui de longe, eu te admiro também.